E2022 - ENEM I CACB

Tópico 4 – O Programa Empreender

Neste tópico, estudaremos sobre O Programa Empreender.



O Programa Empreender

Histórico

Tudo começou no município de Brusque, na região conhecida como Vale do Itajaí, de forte influência alemã, no interior de Santa Catarina.

No primeiro semestre de 1987, Carlos Cid Renaux, presidente da ACE e Empresarial de Brusque, iniciou contatos com a Handwerkskammerfür München undOberbayern – HWK – (Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera), com o objetivo de firmar um convênio de parceria para apoio às micro e pequenas empresas.

A HWK, que reúne 55.000 empresas em Munique e cidades vizinhas, é uma entidade associativa que oferece uma série de serviços para seus associados. Técnicos alemães e dirigentes da HWK visitaram Santa Catarina e mantiveram contatos com diversas Associações Comerciais e Industriais, como: Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina (FACISC), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC). Após diversas visitas, reuniões e estudos, a HWK decidiu, com apoio financeiro do governo alemão, iniciar a implementação de um projeto de apoio às pequenas empresas da região, liderado pelas ACI de Brusque, Blumenau, e Joinville.

O Projeto Cooperação ACI/HWK (denominação inicial), consistia em atrair micro e pequenas empresas para formarem Núcleos Setoriais (grupo de empresas de um mesmo segmento, que se reúnem periodicamente, sob a moderação de um Consultor, ligado a uma ACI, para discutir os problemas comuns e buscar soluções conjuntas). O êxito do projeto nas três cidades atraiu a atenção de outras associações que também desejavam participar da iniciativa. Em 1996, já em número de 17, estas ACI criaram a Fundação Empreender, que passou a ser a entidade gestora do Projeto. O convênio inicial que previa três anos de duração foi prorrogado sucessivamente, até novembro de 2001.

A FACISC e o SEBRAE/SC, com apoio da Fundação Empreender, contratada para treinar os técnicos em todo o estado, lançaram, em outubro de 1997, o Programa Empreender, que foi levado para outras 10 cidades de Santa Catarina. Atualmente, o Empreender está implementado em mais de 100 cidades em Santa Catarina, reunindo aproximadamente 500 Núcleos Setoriais, envolvendo, mais de 5.000 micro e pequenas empresas.

Em 1998, o SEBRAE/PR iniciava o Empreender em 13 cidades do Paraná com a assessoria da Fundação Empreender.

A partir de 1999, uma parceria entre a Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB) e o SEBRAE Nacional, também com o apoio da Fundação Empreender, possibilitou a ampliação do Empreender para mais seis estados além de Santa Catarina e Paraná: Alagoas, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe. Os excelentes resultados gerados pelo Empreender levaram os parceiros a implementar o Programa a partir de 2001 em todo o território nacional.

Em 2011, o SEBRAE e a CACB firmaram um novo acordo para repasse da metodologia para outros países, atendendo a demanda de diversos parceiros internacionais. Como no decorrer dos anos essas entidades obtiveram vários casos de sucesso, resolveram inovar a pós esses 20 anos de atuação no Brasil A consolidação do Programa superou expectativas, mobilizando cidades inteiras e melhorando a qualidade de vida da população.

Nesses casos de sucesso, o que chamou a atenção foi a maior ênfase para setores e atividades produtivas economicamente mais estratégicas e a ampliação da metodologia, passando a formar núcleos de segmentos pertencentes a uma mesma cadeia produtiva como a construção civil e o turismo - , mostrando que é possível mudar o cenário de um setor e de uma microrregião.

Assim, surgiu-se a ideia do Programa Redes Empresariais de Negócios, que buscava fortalecer os setores econômicos conforme a vocação de cada cidade ou região. O Programa Redes transferiu a metodologia para a Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Paraguai e Argentina.

Atenção

O Programa Empreender é uma iniciativa vitoriosa e, sempre que apresentado em seminários nacionais e internacionais, enseja manifestações de interesse e pedidos de apoio para sua disseminação. Foi eleito como um dos melhores programas do mundo voltados para o fortalecimento de micro e pequenas empresas pela InternationalChambersofCommerce – ICC, durante o 4º Congresso da organização, realizado em 2005 na África do Sul.

Além da grande aceitação pelos empresários que participam do Programa, são os impactos gerados que melhor demonstram sua eficácia, conforme mostram diversas pesquisas já realizadas.

É nesta ótica que o Empreender demonstra sua importância, ao reunir experiências individuais e canalizar soluções para todo um grupo de empresas de determinado segmento. O associativismo aproxima as empresas e incentiva as iniciativas coletivas. A política associativista confere peso político para as reivindicações relativas ao ambiente empresarial, mas não interfere na individualidade de cada participante.

O que acontece é um aumento conjunto da competitividade, o que estimula a competição interna, mas uma competição sadia, que acaba revertendo em ganhos tecnológicos para todo o Núcleo e em benefícios para os consumidores, com melhores preços e qualidade.

Cooperação significa a possibilidade concreta de agregar valor e inteligência ao processo produtivo; significa a diferença entre sobreviver e se desenvolver.

Núcleos Setoriais

A implementação de Núcleos Setoriais tem representado uma das mais contundentes formas de organização associativa de empresas, contribuindo fortemente para o aumento de suas vantagens competitivas no mercado, mediante:

- Acesso à capacitação e consultoria gerencial e técnica a custos menores;

- Possibilidade de realização de compras e vendas em conjunto;

- Participação em feiras, missões empresariais e eventos com maior regularidade e menor custo;

- Acesso e ampliação de mercados;

- Realização de marketing de rede;

- Aprimoramento tecnológico de processos e práticas inovadoras;

- Exercício da cidadania mediante participação em projetos sociais;

- Ganhos de qualidade, produtividade e competitividade.

Principalmente com foco na micro e pequena empresa, a metodologia orienta que os Núcleos Setoriais sejam formados por empresas de um mesmo segmento ou que tenham afinidades em relação ao mercado em que atuam. Os empresários se encontram periodicamente sob a condução de um Consultor para identificarem oportunidades, discutirem problemas comuns e buscarem soluções conjuntas com o objetivo de promover ações coletivas e criar vantagens competitivas para as empresas participantes.

Os Núcleos Setoriais, ao levantarem as necessidades das empresas e buscarem soluções coletivas, desenvolvem uma série de atividades que visam não apenas beneficiar as empresas que dele participam, mas também todas as demais MPE do mesmo segmento. Desta forma, as empresas participantes do Núcleo Setorial se tornam um grupo de referência e uma amostra significativa das necessidades do segmento empresarial.

- Compras coletivas
- Prestação de serviços ou fabricação de produtos de forma coletiva
- Treinamentos e consultorias que atendam suas necessidades específicas
- Certificação de produtos e serviços
- Participação coletiva em feiras e eventos
- Intercâmbio de informações
- Exercer poder de lobby por meio de sua entidade empresarial

O trabalho dos Núcleos Setoriais, além de trazer benefícios para as empresas participantes, gera impactos positivos nas entidades empresariais que promovem esta forma de organização da base. Podem ser mencionados:

- Melhoria da representatividade;
- Aumento do quadro social e, consequentemente, da receita da ACE;
- Crescimento de demanda por serviços da ACE;
- Fortalecimento da culturaassociativista;
- Profissionalização do quadro funcional;
- Participação proativa no desenvolvimento local e regional.

Estes conceitos são apenas introdutórios, você estudará mais profundamente sobre os Núcleos Setoriais no Módulo 5.


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